A escrita multiplataforma
Ânima in crônica é uma iniciativa artístico-reflexiva, de natureza experimental, autoral e colaborativa, que consiste na elaboração de produtos artísticos, em múltiplas linguagens, adaptados a diferentes plataformas; tendo como ponto de partida, o texto em formato crônica.
Confira uma série de trabalhos realizados mediante diáogo entre texto e ilustração.
Você encontra o livro “Ânima in crônica Volume I: Às vésperas do fim do mundo” na Home do site.
Textos: Fernanda Bellicieri/ Ilustrações: Maria Lúcia Nardy
Confissões de um Primata I
"Estamos quase vivos… Vivos, exceto pelas faltas cometidas, acometidas de um ímpeto de culpa que já nos parece inato. Culpados ao nascer. Exceto pelos erros insistidos e remorsos plantados e...
Retrovisor
Um aceno. Rabisco de adeus em mãos de quase beijar; não fosse a distância que, mesmo pouca, causava quilômetros. Mãos de se ter, assim, bem próximas, aperto de peito; não em agonia: ajustadas ao...
Pinky
Em roda, mãos dadas e canções aprendidas. Crianças meninas e seus afazeres de brincar. Em bando, bandolim imaginário criando cada qual protagonista; metamorfoseadas feitiço de fada. Borboletas,...
E se hoje…
Se esse fosse o último tom, o último dom; A última nota antes do fim... Se nesse dia houvesse o prenúncio de uma última noite, Com ares e estrelas e todas as vozes dizendo adeus. Se hoje não fosse...
Um par de botas
Dia da faxina. A casa, quinze dias deixada ao Deus quiser, já não era melhor companhia para estados de solidão. Tornara-se insuportável, tamanhas bagunça e sujeira. A cozinha em restos do anteontem,...
Unidunitê
Ouvi a música que tocava cores na minha infância e falava em notas aquarelas. Os quadros de uma inocência que não uso mais nas parede: desmoronados. A música era uma nova versão, uma releitura dos...
Homens de bens
Bateram à porta. Pouco mais de três da tarde. Horário impróprio para atender. Não se atende às três da tarde no mundo contemporâneo; não em sua própria casa. Não se está jamais desocupado às três....
Senzala
Camisa branca de contrastes. Engomada à mão de mãe. Lambuzada de mãe melosa e cuidados de exagero. Calça do melhor cinto e sapato emprestado de pai. Pés de festa, marrom escuros, engraxados de...
Sinto muito
Sinto que não houve o não dito Sinto que não houve… O que sinto, é que não ouvem… Sinto muito Sinto que não houve palavras, gargantas e ouvidos, Tão necessários a esse peito Apertado: cinto Que...
O Tempo Testamento
Lembro uma infância vagarosa, em que cabem dias de brinquedos e jogos inúmeros. Larga, pelo amplo espaço percorrido, onde anos contam nada, exceto histórias e gibis. Tudo coube nessa infância, até...
Acordei pensando em sonhos
Acordei pensando em sonhos… Em como uso, inconsciente, o termo tempo nesses dias passageiros. Que uso-me de seu término, culpando-o da fugacidade e ferozes pontos finais. Ferozes porque não se...
O destino atrás da porta
Atrás da porta dorme um destino; acordado tempos atrás em luzes e tons de esperança. Atrás da porta, adormeceu; sem se saber ao certo quando ou o motivo. Cansado de esperar que despertasse, o homem,...
O pássaro e as asas do menino
O menino à janela encantou-se do pássaro de asas. Não que outros não as tivessem, mas aquele havia sido o único a oferecer-lhe a liberdade, distante, tão próxima, sentada à janela. O menino...
As pressas
Às preces peço as pressas, que preguem-me as peças e me desconstrua os dias. Rápido, vulcão! Não posso a espera. Não passo, não ando, não encontro o caminho alternativa. Rezo para que vire-me a vida...
Atropelamento e fuga
Numa volta pra casa; desses feriados fim de fôlego. O carro carregado: roupa, gente, bugigangas e essenciais. Família retornava da praia. Cansaço conjunto e toda aquela história de que dias de...
Sobre os Dentes Compartilhados
Entraram intrusos, com seus passos de pés distantes, destoantes do azul celeste do cobertor largado canto. Dissonantes de uma aparente calma, gritavam tal fossem monstros, em dentes famintos....
O marca-passo e os sapatos
O homem andava denso, pés sem descanso, tensos, muito mais couro que o sapatoapertado. Não, não: o sapato era confortável, tinha que ser! Tinha sido caro demais: caso de polícia! Onde já se vira...
O giz e a maçã
O menino levantou a mão. Dali, daquele bem canto, bem quieto, intimidado. Mas levantou a mão... Pequena, ainda incerta de que devesse erguer-se em meio a tantas outras. Mão de só confiar em mão de...
O corredor
O outro lá, passos à frente. Talvez duas ou três velocidades mais impetuosas e o alcançaria. Seria trégua ao desejo de vingança, alcançar o adversário postado à frente; e logo, em alguma corrente de...
Sobre quando enterraram a menina
Não naquela tarde... Não aquela que se fingia de sol e se fugia tão sombria, virando rosto a qualquer sorriso. Não aquela... Como tudo podia ser pálido cinza e se fundir, fingindo, em colorido?...
Retratos: Gli occhi di Lucia
Olha, olha bem... Vê, ao fundo, o céu preto e branco? É cinza... Vê, bem ali, a nuvem? Horas mais tarde tornava chuva, de todo verão desmoronado. O menino correndo, à esquerda, primo distante,...
ÂNIMA IN CRÔNICA podcast
ÂNIMA IN CRÔNICA podcast




















