Demônios, geralmente, possuem asas
que não voam, que destoam
Mas acalentam, de um modo outro…
que não vemos e, quase sempre, nem sabemos
Demônios voam asas que não entendemos,
ou desistimos de entender, por medo…
Simples medo de voar
Demônios nos doam asas,
Mas apenas se as permitimos
porque dependem do que não queremos ver…

Nos voam de suas asas emprestadas, se permitimos
Desmanchando-nos ocultos, trazendo-nos à tona,
em tons de luzes irreversíveis
Demônios são em luz, e brilham… que cega
Impossível admirar
E a luz, irresistível, chega à dor
Por isso os espreitamos, em pavor
Fechamos olhos aos demônios…
E então, já somos cegos,
condenados à escuridão por medo de enxergá-los, nossos que são:
de ossos e todas as carnes que nos possuem
Demônios ousam o invisível, o indizível;
o que se quer ocultar.
Mas demônios não mentem;
e entristecem, quando lhes negamos retinas e desistimo-lhes a alma
Encará-los não nos vende, apenas nos rende
a ponto de cedermos ao espelho que, às duras penas,
negando asas, fugidios, tentamos estilhaçar
Encará-los não nos venda, nem nos veda a pureza
Em contrários, nos liberta…
Que só se pode ser puro, desencantando ilusões
E demônios desencantam… nos decantam e, então, somos livres
Servem a isso, sim: ao compromisso com a verdade.
Que, no fim, desde o começo, o que chamamos demônios
e pedimos que nos fujam, implorando perdão…
Ao fim, desde o sempre começo, o que usamos demônios são apenas asas…
São em penas, Anjos
Se os enxergarmos e os libertarmos, eles voam
E então, entendendo-os pelo que verdadeiramente são,
E de suas asas emprestadas
Não temeremos mais a verdade,
E, voaremos, como eles: sãos