Sinto que não houve o não dito
Sinto que não houve…
O que sinto, é que não ouvem…
Sinto muito
Sinto que não houve palavras, gargantas e ouvidos,
Tão necessários a esse peito
Apertado: cinto
Que sufoca essa fivela de engasgar ares e arrematar, sem paciência,
Pedaços meus, teus e outros,
Generalizados,
Amarrados, todos, de mesma sensação
Sufocados
Sinto esse nó afivelado, acinturando impotências no peito
Tum-tum
Onomatopéico, um peito, que não fala em metáfora:
Tum-tum é de oco, em três letras e pouco som
A mesma fala que me falta na garganta
Faringe? Laringe? Ou só o peito?
Ou que me ocupa é só a falta de ar?
Ou culpa?
Talvez não faltam verbos, falta eco
Ecoo:
Tum-tum
A dor se transforma, ao mundo, no oco de três letras explodindo um peito vazio
Nada cardíaco
Ecco
Uma dor implantando ventrículos
Veículo: uma dor-muda
Tum tum
Que poderia germinar um mundo
Sente?
É o sangue que me escorre e falta
Sente?
É o cinto na garganta, que já aperta o peito
Senta
Um peso, bem aqui
No ventrículo ventríloco que grita Tum Tum
De peito aberto, não liberdade, mas navalha
Sinto, sinto muito…
Mesmo que não valha
E esse peito acinturado, domado à correia, couro e fivela
Esse peito não é dado,
Não se classifica de sistemas médicos,
Esse peito oco que ecoa
Ecco
Tum Tum
Esse peito onomatopéico e surdo-mudo
Mudo ao mundo
Muda o mundo
Esse peito só sente que ressente
Ressentido do recente que, pouco a pouco, apaga-se das memórias
Lembra o mundo??
Era Tum Tum
Ecco: agora é oco
É mudo
Esse peito é língua calada sem pátria de morar
Mas e o mundo?
Não de iluda
Já é mudo o mundo
Não se muda
Que mundo?
In mundo
Out Off All Ill Will Low Liu Lol
Essa língua que não diz nada
Escorre letras do sangue que não bate mais o peito
Minha língua muda por própria vontade
É muda na raiz:
DNA e nenhuma das alternativas
Minha língua em rebeldia só pode ser silêncio;
Que qualquer intento que se cuspa em sílaba não quer dizer mais nada
Porque já não diz
Por que já não diz que o mundo é mudo porque finito?
E mesmo vivos, todos já sabemos:
A língua letra muda, mas a história é a mesma
A língua letra muda e Tutum:
Estivemos sempre vivos, mas quase nada
O avesso já faz vezes de si mesmo, e se soletra como seu contrário
E se só letra, os significados são iguais
Tum Tum Mut Mut
Mute, off, in out
E peito, acinturando-me, os pedaços desiguais, tornando-os uma só sensação:
Sinto muito
Pelo que não se ouve e
Pelo que nunca foi dito
Pelo apelo
Pelo a pelo
A mesma letra, mesma língua que era um peito
E hoje muda
Muta
Muito, sinto, que o desabafo tenha sido só a muda de uma garganta apertada