Era uma vez Pussy Jane Allsteam (nipote di Nonno Michelle da Poggiomarino) : uma publicitária frustrada, aspirante a escritora, vlogger nas horas vagas, com inclinações artístico-filosóficas-feministas, cuja origem italiana define, em contornos dramáticos, neuroses estético-fóbico-delirantes. Ditatoriais: 90 cm de quadril, 70 cm de cintura, 120 cm de 275 ml de silicone … Ecológico! Ilógico?
Sua biblioteca multimídia abriga Dostoiévski, Nietzsche, Adorno, Merleau Ponty, emaranhados entre bandas do rock clássico como Rainbow, Pink Floyd, Genesis, Spooky Tooth, Gentle Giant, Goblin, Yes… Para sustentar seus prazeres carnais (shakes de proteína, roupas de grife e viagens ), apesar de compreender os mecanismos capitalistas e abominar (ao menos em discurso) a intelectualmente falida indústria cultural, Pussy carrega (ou é arrastada) por um currículo em eterna crise: de redatora na empresa multiplataforma de lavagem de dinheiro, comandada pelo chefe megalomaníaco que, após uma constelação familiar, encontrou-se ao espelho como a reencarnação de “Alexandre o Grande” (grande merda)… Passando pelos freelas como videomaker e repórter… À empreendedora e sócia na Bruschetteria di Nonna Tormenta… Pussy, aonde e quando vai parar?
Assim ela gravita, para além da pouca substancialidade cotidiana, entre efeitos e defeitos, altos e baixos… Reiventando-se, heroína, equilibrando-se nos centímetros de seus saltos altíssimos, número 41, saltitando-se invencível em sua barra de Pole Dance… (?????!!!!) O quê?!!!
Sim! Pussy Jane Allsteam, No steem, eterna tia com quase idade para ser avó, “torna-se que se é!”, entre Nietzche e Fellini, em sua potente e fálica barra vertical de lançar-se aos ares. Nada mais “testa in giù”, diria Nonno Michelle… Nada mais Pussy Jane do que encontrar o sentido do mundo, na melhor das posições-oposições: de cabeça para baixo…
Um dado considerável sobre nossa heroína é sua vida amorosa insólita, que parece atender à lógica falível das mulheres muito independentes… Aquelas que preferem um final de semana discutindo Gertrude Stein com o cão tibetano superdotado (Luck Igor Marx Louis é seu nome), ou escutar toda coleção dos Beatles com seu gato Otto, the britshest britsh short hair que, contrário ao Brexit, decidiu tentar a vida no Brasil (Mamma mia , Otto!!)… a assistir “Velozes e Bufantes”, “Incendiários Aquáticos” ou (scusa, George Lucas) “Star Wars episódio mil e cem” com um namorado qualquer. O mesmo gentleman que, muito diferentemente de seu cão, não é capaz de abaixar a tampa da privada, mas se finge um cavalheiro ao abrir a porra da porta do carro, apenas por medo de que machuque a polida porta do venerável auto na árvore ou guia mais próximas. Afinal, mulher e volante não combinam… Se mulher, não dirija, Pussy Jane!
Ou ainda, vasculhar aplicativos em busca do perfil ideal: gentil, másculo, rico, estável, bem resolvido, não gay, um bom bíceps, inteligente, esportista, intelectualizado, fiel, cristão, apreciador de rock’n roll (o verdadeiro), que não queira ter filhos, de caráter irrepreensível, que adore viajar, não ciumento, que não beba, não fume, não se incomode se ela acordar às 3:00 am para trepar (na barra vertical), aceite viver em casas separadas (afinal ela precisa manter a individualidade), não se incomode quando ela levar marmita nos jantares de família (mesmo no Natal) e partilhe suas alegrias e descobertas incríveis com o novo frequencímetro e o app de fisiologia do exercício. Adore biscoito de arroz e, seja italiano… Afinal, Pussy Jane, cansada de não ser cidadã no terceiro mundo, precisa retornar às origens… Viva Poggiomarino!! Viva Nonna Tormenta!
E como diria papai: Va fancullo, Pussy Jane! O cara ideal vai ser Missão Impossível… Ah, e tem que passar pelo crivo crítico (muito crítico) da famiglia Mangia che ti fa benne!
É, o match multifatorial está difícil. A lógica de Pussy parece não favorecer os relacionamentos para além das 3 semanas ou, mais realisticamente, do primeiro jantar (vide receita do brigadeiro de chuchu, o chantilly de grão de bico e o suco de beringela). Pelo menos, segundo a medicina, chuchus e abobrinhas são vantagem.
Missão Impossível… A trilha de uma das versões foi boa: Led Zeppelin!!
A trilha? Ah, a trilha é sempre boa!! Do alto do Pole, metros luz do chão: “she’s buying a starway to heaven” …
*Obs: apesar do título, Pussy não gosta de Madonna, ok?
Who’s that girl foi um deslize, talvez, livre associação à indústria cultural.
Pussy cresceu assistindo a sessões de Tommy (The Who).
So, She is a Pinball wizard, not a Material girl. NEVER!!