Entre Peekaretas e Espíritos de porco

Pussy Jane, dentre algumas frustrações, carrega, enquanto publicitária, um currículo não necessariamente prodigioso. É de se considerar, já que, às tantas anda o mundo, um currículo respeitável na máquina voraz publicitária, para quem degusta Jane Austen, é quase impossível. No entanto, há coisas que nem a vulgaridade ideológica publicitária deveria engolir.

Pois é… Dessa indignação constante que talvez outros dividam (e nem precisam ser leitores ávidos dos grandes clássicos), surgem, num ímpeto sarcástico de dar conta do meu espírito de porco incrédulo pela pobreza erudita e algumas incoerências ético-estéticas da indústria cultural, as Sete Peekaretas: uma crítica nada poética mas que, com um tempero de ironia e os pés beirando a vulgaridade, buscam trazer com um colorido nonsense, uma pitada de reflexão acerca da adultização excessiva e comprometimento da inocência. Nascem pontualmente com a crônica “Quando Nietzsche chorou...”, desse intento de criticar um pouco a sexualização da infância. Mas acabam fazendo morada no apartamento e na vida de Pussy Jane, devidamente reconfiguradas, infantilizadas, protegidas, resguardas e muito bem alimentadas.

Ilustração: Maria Lúcia Nardy Bellicieri

As Peekaretas são, no universo Allsteam, um reflexo dos tantos alteregos e afins de Pussy Jane e, sem fazer apologia ao trabalho escravo, mas dados os conflitos e inconstâncias da personagem, além da zona que é seu apartamento, essas Peekaretas vão ter muito que trabalhar.

As Peekaretas foram criadas em co-autoria com Maria Lúcia Nardy Bellicieri, não por coincidência e nem só pelo sobrenome, um outro adorável espírito de porco: minha mãe.

E é isso, entre Peekaretas e espíritos de porco, aqui no universo Allsteam, somos todos uma família.