*o texto foi escrito assim, às voltas com Roger Hogson, escutando uma tarde dessas de rotações, o álbum Open the Door, e outras rotações de Supertramp… Então, o texto é também um convite a que todos conheçam Hogson, e abram, cada qual, suas próprias portas…
“Say goodbye to the old days
Say hello to the new ways…”
Era um álbum que já não era mais
Que já era digital que, de repente, em instantes,
já era e já é
Dessas coisas que o tempo não existe mais
Mas ainda era um álbum
Ainda uma voz, a mesma,
daquela canção que, agora, já era e
estranhamente, parecia nova
Entranhamente parecia não ter perecido
E aparecia, de um agora sempre, como minha
De uma mesma voz que nem conhecia
Minha?
“Say you want your freedom but
Is it freedom when you leave it all behind…”
Sim, “it is freedom”
Sim: não é liberdade deixar tudo para trás
Dessa coisas que só o tempo, que é não é, pode entender
Porque só o tempo, em suas rotações “é não é” pode
me fazer refazer desfazer me
E de repente era aquele álbum que não era álbum
mas que era algo de algum eu extinto
Instinto
“Caught between death and a zoo”
Alguém que sempre esteve lá, preso
E precisava dizer adeus para encontrar-se, nas rotações do tempo,
com tudo aquilo que jamais deixaria de ser da própria alma
Como alguém sempre esteve guardado ali,
sem nem mesmo perceber?
Preso às entrelinhas-rotações daquele álbum que,
de repente, It is raining again
e…
Again: as rotações
What if your heart in freedom could live?
where does the child hide?
does it feel lonely?
Sim, é solitário…
mas, ainda sim, estava lá
no meio do álbum que não era álbum
da vida que não era vida
e que deveria ser liberta para retornar ao começo que era o fim
e era o sentido àquilo tudo
tudo fazia sentido
lonely lonely lonely
O sentido das rotações
Sem horário
Anti-horário
De um tempo que rodava fora de espaço
Um tempo-todo
E de repente, melodia e nota
cada canto daquela canção que podia ser as todas
que impregnavam a alma na escuridão há tanto tempo sem tempo…
uma escuridão com endereço
sempre resguardada
Lonely lonely lonely
A rotação quase instinto
Daquele tanto que se perde em nome de liberdades que não cantam
mas sabem soletrar:
liberdades de papel
“What would you give?
so if your heart in freedom could live?”
“and its raining again”
e todo papel se desmancha como se fosse
o que sempre foi: nada
e quando esse papel desmancha
nasce o que sempre esteve morto, e nunca esteve
Nasce tão vivo como nunca
Como sempre esteve
Nunca e sempre, de mesma rotação
Porque a alma precisava desesperadamente respirar
“caught between death and a zoo”
What if your world was stuck in cage
Don’t you feel rage, boy?
Sim…
por isso precisava libertare-se
encontrar-se no meio do álbum que não era mais álbum
assim como os papéis nunca tinham sido papéis
e desmancharam its raining again
Nas rotações do tempo não tempo
Bem na boca-estômago que não era estômago
era só um flash
in the flesh
era só
era sou
lonely, lonely, lonely
Completamente alma
e aquele álbum que não era álbum
abria as portas e fez correr uma distancia que não se conta
ou se mede
que se mete nas entranhas
de um jeito entrelinhas
que só se pode usar assim: letras que nem mais serão letras
de um álbum que não mais existe
mas existe sempre
em algum lugar nos porões claros de uma alma
rodando um vinil, que nuvem
que, de repente it is raining again
Precipita o precipício de alma (minha?)
que sempre esteve ali
aguardando Open the door
desse meso álbum que tantas vezes
vinil e outros sintéticos
rodava a infância de roda que nem era infância
“So tell me that you find it hard to grow
Well I know, I know, I know
And you tell me that you’ve many seeds to sow
Well I know, I know, I know”
lonely lonely lonely
open the door
open the door
open the fuckin’ door!!!
e eu
Que a alma era minha em rotação
Acelerada de tempo que não e que sim e que sempre e que nunca
Eu, alma
Simplesmente abri
Acendendo a luz do porão que a endereçava death in the zoo
E então, its raining again
E ela pôde enfim respirar
Desses milagres que não se inventa
Desse milagres que semente
e lembrou (ou lembrei?)
como me senti quando pela primeira vez fiz brotar
experiência dessas, escola
uma muda de feijão
Semente
E a terra do feijão mágico da menina,
misturada ao “silent the heart scream” de agora-sempre
pareceu o maior milagre que jamais vira e
que só era milagre porque não se reproduzia
Não voltava rotação
só era milagre porque não se sabia
Horário-anti horário
girando a alma em papeis na velocidade do vinil que só era vinil
Porque da mesma carne da semente de feijão
Porque milagre
Tal chover
Chovia
It is raining again…
no meio da chuva que não era chuva
agora saying goodbye and hello
to the new day que nem era novo
Esteve sempre lá rodando nos vinis
que era só sementes de feijão…
“if you want your freedom
Well if you want to linger, a trail a finger
It’ll only leave you wondering what the future might have been”
“Well if you want your freedom, oh where’s your freedom?
On the road that lies before you, that is all you need to know, let go…’
You’re alone as an island, alone as a man must be…”
Sim, eu sou…
O vinil e o feijão
And it is raining again
às rotações do álbum que não é mais musica e sempre seria
nos porões da alma que eu, quando eu, agora de um antes que será para sempre
Tal a semente, puder libertar
“When I open the door I’ll be home
I wanna go home
I know when I open the door Ill be free”
Então vá
Eu te liberto
Segue:
Open the door
I want to be with you…